Quando nos inscrevemos para um projeto dentro da academia, num primeiro instante pensamos em que essa atitude poderá acrescentar nosso currículo acadêmico. No meio da já tão conturbada rotina de estudos, leituras, trabalhos, discussões não levamos em conta o "trabalho" que dará mais uma atividade. A fome de crescer nos impele.
O nome do projeto nos causava grande curiosidade: iniciação a docência? Como assim? E, com essa curiosidade nos olhos, fomos a cada encontro caminhando, passeando com os poros abertos absorvendo cada conhecimento. Índices, planilhas, termos técnicos, divergências entre o que diz a lei e a aplicabilidade, as experiências e vivências dos supervisores, a capacidade de percepção de cada componente, tudo isso foi aos poucos encharcando nosso raso conhecimento.
Uma iniciativa como essa dentro da universidade, que por vezes, foge do objetivo primordial de um curso de licenciatura, que é ensinar, nos coloca na linha de frente das discussões educacionais e a meu ver do grande questionamento que deveria permear os educadores atuais: ONDE FOI QUE EU ERREI?! Sim, alguém errou. Ao nos depararmos com a LDB, com os programas do Governo pela educação, com o sucesso de algumas poucas instituições, nossa maior dúvida é: como é que um aluno pode chegar a 5ª série do ensino fundamental sem conseguir ler? E o mais chocante para nós pibidianos (adjetivo pátrio dos que habitam no estado do PIBID, onde se pensa a educação e suas trilhas) não é apenas um aluno, um caso isolado, um detalhe numérico do interior esquecido do nordeste. Esse é um fato presente nas escolas de quase todo o Brasil, mais especificamente em Vitória da Conquista, em particular nas três escolas atendidas por nosso projeto - Letars VC. Os índices do IDEB que ficam abaixo da média nacional em algumas escolas do nosso estado, o próprio índice geral da educação nacional que é um dos piores do mundo. Um aluno que pode ser qualquer coisa, menos um ser pensante que consiga minimamente compreender o que lê e reproduzir em sua escrita o que aprende. É sem dúvida o que nos causa maior comoção.
Compreender essa realidade e tentar de alguma forma intervir para ajudar é nosso principal objetivo. Sei que ainda estamos engatinhando nesse processo. E quero compartilhar que esse primeiro momento de aplicação do microprojeto deve ser muitas vezes re-avaliado, pois que adianta ser apenas mais um? O que é essencial é fazer a diferença. Paulo Freire não escreveu utopias, ele pensava uma educação popular voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência, de um ser pensante e critico capaz de mudar sua própria existência. Só pela educação é que poderemos ver nossa sociedade melhor, com uma vida mais digna e justa. Ele diz que "Mudar é difícil, mas é possível", e justamente baseado nessa possibilidade, creio eu, é que estamos engajados nesse projeto, que com certeza foi aprovado pelos que pensam a educação nesse país justamente porque "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua construção", e a INICIAÇÃO À DOCÊNCIA seria exatamente uma preparação para fazer o diferente.
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